O que você faz quando descobre que sua vida não é para sempre e que seus dias na Terra estão contados?
E o que você faz quando precebe que esta é uma realidade desque que você respirou pela primeira vez?
É estranho pensar na morte, mas é muito mais estranho não pensarmos que um dia, quer seja mais cedo ou mais tarde, ela chegará e então não teremos feito tudo aquilo que podíamos, queríamos ou devíamos simplesmente porque nos consideramos imortais em tempo integral.
Tudo pode ficar para depois, e só quando esta verdade nos bate à porta e nos sacode pelos ombros é que paramos pra ver o que deveria ter sido e não foi.
Às vezes acontece porque recebemos um diagnóstico ruim, ou porque vemos alguém que gostamos doente, ou porque um conhecido sofre um acidente e fica internado, ou porque alguém da família morre. É neste momento de sofrimento que nos damos conta da finitude da vida, e prometemos mudar, mas nem sempre levamos a frente a promessa.
E aí reside o nosso maior erro... Devíamos parar de mentir para nós mesmos e agirmos para não deixarmos para depois o que já deveria ter sido feito.
O texto abaixo foi escrito por mim depois de uma dessas notícias ruins. E de mais uma promessa minha de mudar as coisas que me causam mal. Mas sobretudo foi escrito para compartilhar com quem precisar ser lembrado da nossa mortal imortalidade.
Beijos e muita inspiração.
De tudo, o que nos sobra é o vazio, a sensação de impotência e covardia.
Impotência porque nada que fizermos pode mudar a situação.
E covardia porque mesmo sabendo que algo poderia ter sido feito, senão para mudar o que não pode ser mudado, ao menos para tornar a situação menos sofrida, nada fizemos.
Nada. É justamente o que significa o tempo de nossa passagem pela Terra nesta existência. E ainda assim vivemos como se eternos fôssemos, nos esquecendo da perenidade da matéria - a despeito da imortalidade da alma para aqueles que nela acreditam - até um dia em que somos atingidos pela realidade como um soco no estômago.
Então paramos e pensamos: por que? Por que com aquela pessoa? Por que comigo? Por que acontece deste jeito? Por que se ela ou eu não merecemos? Muitos porquês sem respostaS, já que elas não estão nem nos acontecimentos e nem nos outros. Estão dentro de nós.
Nos perdemos no cotidiano corrido, sofrendo dia a dia com muito trabalho, pouco dinheiro - ou às vezes nem tão pouco assim - falta de tempo para nós, para os amigos, para a família, para os filhos. Nos colocamos contra a parede, culpados pelo dilema muito x pouco, sofremos, nos amarguramos, fazemos os outros sofrerem. A troco de que? De tudo aquilo que dizemos desejar e que renegamos na correria diária: tempo para fazer o que nos dá alegria, tempo para aproveitar as amizades duradouras, tempo para reuniões em família, aniversários sem serem compromissos sociais.
Daí chega este mesmo tempo, com sua passagem incansável e imperdoável, e nos mostra que apenas estamos adiando tudo, estamos perdendo os melhores momentos, estamos colocando para depois aquilo que devia ser para agora.
Mas geralmente ele faz questão de nos mostrar isso quando dele nos resta muito pouco para mudar. É neste instante que percebemos o impacto dos nossos atos, ou melhor, da nossa falta de ação. Ficamos com a tal sensação de vazio. De impotência. De covardia. Mas sobretudo, ficamos com a sensação devastadora do arrependimento. De não ter feito. De não ter dito. De não ter ouvido. De não ter amado. De não ter vivido.
Entretanto, com raras mas não menos dolorosas excessões, nestes momentos nos damos conta de que é muito tarde. Tarde demais. Se não para nós, para aqueles amamos, que nos são estimados, que nos inspiram respeito e admiração.
Morremos quando nosso corpo físico perde sua capacidade vital e deixamos de existir fisicamente neste plano. Mas quantas e quantas vezes nos submetemos a uma mesma morte, talvez até mais cruel, ao nos esquecermos do real significado de existir?
Vale colocar na balança o que realmente importa.
E pensar se estamos vivendo para isto.
Para que depois, ao nos depararmos com a dura e incontestável realidade de que nosso corpo não é para sempre, não passemos os dias atormentados pelo arrependimento.
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