De tudo que tem acontecido ultimamente, não posso ser completamente ingrata e negar aquilo que me dá alguma esperança em dias melhores.
Que a ausência e o silêncio, postos a contragosto no lugar onde deveriam existir palavras e presença, ainda incomodam, não resta dúvida. Machucam, magoam, ferem por dentro. Mas contra isso não há como seguir lutando, então creio sinceramente que o luto, o assimilar a perda, o deixar a ficha cair, serão fundamentais.
Li há pouco tempo um texto que tratava desta fase.
Muitas pessoas tentam ocupar o tempo ou o coração, para não precisarem pensar ou sentir algo com uma perda. E assim passam de um momento ao outro sem lapsos, mas também sem aprendizado, pois geralmente nestes lapsos é que se encontram os ensinamentos que precisamos.
O luto nunca é fácil.
Neste mesmo texto li algo sobre prazos para viver este luto, algo em torno de nove meses, segundo a cultura oriental. Para nós, nove meses é o tempo de gerar uma nova vida.
Avaliando estes dois pensamentos, hoje parei e fiz uma escolha para conseguir seguir adiante depois da decepção com quem eu jamais acreditei que pudesse ser capaz de agir como tem agido. O luto vai servir para crescer, durante nove meses, uma nova vida. Nove meses para aceitar, entender, chorar, sofrer. Depois, parir esta amargura, revolta, tristeza, decepção. E deixar ir sem olhar pra trás.
Processo iniciado, vida que segue atrás de pequenos prazeres. Dias difíceis merecem compensações, e já que de todos os lados tem surgido mais e mais abismos, vale construir pontes: novos companheiros de caminhada que tragam luz para dias sombrios.
Estes eu tenho encontrado quando escrevo aqui (obrigada a cada uma das meninas que dedica um tempo para me ler), e nas tão faladas aulas de dança de salão.
Aulas que tem sido muito especiais, todas elas, pois mesmo nos dias em que a vontade é de me enfiar no mais profundo buraco e dele nunca mais sair, é nelas que encontro os sorrisos - de todos, incondicionalmente - e as palavras de incentivo que faltam em tantos outros momentos do dia, e da vida.
Cansativo? Muito - saio de todas as aulas derretida pelo calor da Cidade Maravilhosa, pela proximidade com o outro, pelo cansaço do corpo ao final de um longo dia.
Difícil? E como! Aulas de segunda a quinta e mais uma aula extra duas vezes por semana são só pra quem ainda tem menos de 20 anos, o que não é meu caso faz teeeempo... Fora isso os passos, coreografias e tudo mais que exigem a concentração e paciência que, admito, estão bem escassas em mim. Mas é uma questão de treino e perseverança...
Se eu quero sair ou abandonar? Nunca mais. A alegria (e a massagem no ego, claro) ao ser 'disputada' pelos bolsistas, mesmo sendo apenas uma dama iniciante, o prazer de receber elogios de progresso do próprio professor, o bem estar que sinto naquele lugar, isso faz esquecer qualquer pensamento em desistir.
O que acontecerá de agora até setembro do próximo ano, quando luto acabará? Não faço idéia.
Mas uma coisa é certa: vou manter em mente que sempre poderei viver instantes de experimentar a sensação de liberdade e felicidade plenos.
E são estes momentos que me darão forças para não desistir nos meses que virão.
Bjs
2 comentários:
Mima,
O luto é sempre necessário, e extremamente válido.
Mas continue fazendo exatamente o você está fazendo: não deixe q esse luto te impeça de continuar a vida!
E não deixe que ele te passe a impressão de que as portas e janelas estão fechadas...pois não estão!
"Há tanta vida lá fora..."
Beijos!!
E pode sempre contar conosco!
Todas as fiéis escudeiras de blog que sempre se ajudam!
Mima, a iniciativa de estipular prazo p sair do abismo é bem interessante. Viva cada dia como se fosse o ultimo desse longo prazo. E ponha em mente o seguinte: A única responsavel por sia felicidade é vc mesma.
Parabéns pela coragem e pela garra.
Beijos!
Verônica.
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